Prêmio TopBlog Brasil 2013/4

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Maria Lopes

15 janeiro 2009

Ramakrishna

Dentre todos os países do mundo, foi incontestavelmente a Índia aquele que produziu o maior número de Mestres espirituais da humanidade. Desde os tempos legendários do RISHI Ikchvâku, que iniciou a dinastia real dos SURYAVANZAS em Aiodhya até os dias atuais da Kaliyuga, a tranqüila terra hindu foi sempre uma sementeira fértil de sadus, sidas, budas, ioguis e avataras - uma fonte pródiga de espiritualidade e de sabedoria capaz de abastecer o mundo inteiro.

Ali se encontra talvez o único povo do mundo que jamais saiu de suas fronteiras geográficas para agredir outra nação, um povo que desde a sua mais remota antiguidade vem se dedicando, com zelo especial, a observação e ao estudo da Metafísica, criando uma civilização de alta qualidade espiritual, inspirada nos princípios eternos da SANÃTANA-DHARMA, que ê a Sabedoria Divina revelada nos Vedas, no Mânava-Dharma-Sastra, nos Puranas, no Ramayana, no Mahâbhârata e outros Livros Sagrados; uma civilização cuja copiosa expressão filosófica se encontra objetivada nas seis DARSHANAS, na filosofia Vaizechika, na Niãya, na Purva-Mimãnsâ, na Sãnkya, na Ioga e na Vedanta. Em nenhum outro lugar do mundo o Mestre espiritual é mais respeitado e mais amado, porque, segundo os seus Livros Sagrados, o Guru representa na terra o próprio Deus, "0 Guru é Bramâ, o Guru é Vishnu, o Guru é o divino Mahesvahra".

Essa preocupação pelas coisas do Espírito se desenvolveu com tal afinco na Índia, que de certo modo chegou a perder perigosamente de vista o exato valor do aspecto temporal da existência, e, dessa atitude de renúncia e de desapego ao mundo, resultaram finalmente danosas conseqüências políticas para o País, porque até certo ponto impediu o desenvolvimento de seu espírito nacional e de sua organização social, permitindo que outros países ambiciosos e imperialistas o subjugassem peias armas e espoliassem as suas riquezas naturais durante muitos anos.

No Ocidente, contrariamente, a excessiva preocupação pelas coisas materiais permitiu que as nações alcançassem, em pouco tempo, um alto padrão de desenvolvimento político e cultural, sempre em detrimento dos valores espirituais da Civilização , descambando finalmente para o materialismo mais grosseiro. E assim foi que de um lado as nações orientais desenvolveram principalmente o aspecto espiritual da Civilização, dando nascimento as mais importantes religiões que hoje existem no mundo - o Bramanismo, o Budismo, o Judaísmo, o, Cristianismo, o Islamismo, etc; e de outro lado, as nações ocidentais desenvolveram principalmente o aspecto temporal, legando à Humanidade os conhecimentos científicos, as invenções, as indústrias e as conquistas políticas, que lhe permitirão no futuro resolver satisfatoriamente os problemas sociais do mundo, assegurando aos homens as condições de prosperidade, justiça e paz necessárias para que possam viver e evoluir harmoniosamente.

No princípio do século XIX, a Índia atravessava uma fase crítica de grande decadência espiritual,que provinha tanto de seu próprio estado de subdesenvolvimento econômico e de dependência política, quanto da influência materialista da cultura ocidental que lá se firmava rapidamente sob o domínio inglês. A juventude, educada sob a orientação de professores europeus, parecia dia a dia mais inclinada a adotar definitivamente o modo de vida ocidental, e era induzida a desprezar os ideais tradicionais da civilização hindu, como se fossem meras manifestações de subdesenvolvimento intelectual, de misticismo supersticioso, de idolatria e de politeísmo. Desse modo, o processo histórico de fusão cultural do Oriente com o Ocidente, que começara na época dos grandes Descobrimentos portugueses e se intensificara com a ocupação da Índia pelos ingleses, desenvolvia-se, naquele tempo, com uma perigosa distorção de perspectivas, dentro da qual a preocupação da prosperidade material, da riqueza econômica e do prazer mundano ameaçava sobrepor-se a qualquer outro ideal, abalando fundamentalmente o próprio fulcro espiritual sob o qual nascera e onde se conservava há milênios toda a civilização hindu. Esse movimento revolucionário se verificava principalmente em Calcutá, que era então a capital do Pais, e onde havia grandes estabelecimentos de ensino, inclusive universidades, e onde naturalmente o intercambio cultural com o Ocidente era mais direto e mais intenso,

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