"Quando se fizer verdadeira luz nas recompilações poéticas dos cantos dos bardos, tais como os chamados Eddas ou "vedas", será o dia da redenção". - ROSO DE LUNA. Grande herói do Edda, Oddin, o mesmo Votan escandinavo e ainda o mesmo das lendas guatemaltecas, foi considerado um dos criadores do homem. A antiguidade romana o identificava a Hermés ou Mercúrio, e o orientalimo moderno o confunde com Buda. No panteão dos antigos escandinavos, é o "Pai dos Deuses" e da divina sabedoria e, como tal, é Hermés ou a Sabedoria Criadora.
Segundo a lenda, Odin criou o primeiro casal humano de dois carcomidos troncos de árvores, dotando- o de vida e alma. Honir deu-lhe o intelecto e Lodur forma e côr. Corpo, alma e mente. A eterna triangulação que se encontra em todos os mitos e tradições de ordem religiosa. Assim nasceu a primeira parelha humana. Ao homem foi dado u nome de Ask e à mulher o de Embla. Desse casal descende a humanidade toda, afirma a mitologia escandinava.
A Terra, na concepção dos germanos do norte, era vasto círculo cercado de água por todos os lados. No oceano limitado pelo abismo primitivo, morava a serpente Midgard, nas raízes do Iggdrasil, a Árvore da Vida e do Universo. Midgard é a mundana Serpente do Mal, ou a Terra, mansão dos homens, em oposição à Agharta, morada dos deuses e a Utigard, residencia dos gigantes. Reluzente arco-íris - Bifrost - estendia-se como ponte de sete cores entre a morada dos deuses e a dos humanos sêres.
Iggdrasil, na cosmogonia escandinava, é a Arvore do Universo, do tempo e da vida. Tem três raízes que chegam até ao reino da deusa Hel, e dalí sê estende até Yotumheim,,o país dos Hrimthurses ou Gigantes do Céu, e também até Midgard, a terra dos filhos dos homens. Suas ramagens superiores alcançam o céu e sua folhagem mais alta cobre com sua sombra o Valhala, o Devacan dos heróis que tombam no campo de batalha. O Yggdrasil é sempre fresco e verde, posto que diariamente é regado pelas Normas, as tres fatídicas irmãs do Passado, do Presente e do Futuro, com as águas da vida, que brotam da fonte de Urd, a qual flui em nossa Terra.
Estas três irmãs outras não são senão as Três Parcas da Mitologia Grega: Clotho, Laquesis e Atropos, ou as Trés Forças: Centrípeta, Centrífuga e Equilibrante. Esta árvore secará e desaparecerá somente no dia em que se travar a última batalha entre o Bem e o Mal. Essa tradição que encerra um simbolismo que daria assunto para um compêndio de filosofia, originou-se daquilo que a Sabedoria Iniciática das Idades denomina de Arvore Genealógica dos Kumaras, para designar quantos descendem da hierarquia dos Kumaras e que funcionam na Terra como seus legítimos orientadores, sob o ponto de vista espiritual.
Na mitologia escandinava, é Odin o deus principal. É, sem dúvida, Deus no conceito ocidental, sobretudo se esse nome for decomposto em ODin, o Deus, e, ainda, se considerarmos o termo OD como a pura luz, doadora de vida. Para melhor se compreender o que representa esse personagem estranho e sua função no mundo humano, mister se faz esclarecer algo sobre os Kumaras, como criadores do homem, função esta que é atribuída a Odin, na tradição dos povos escandinavos,onde o genial Wagner se inspirou para produzir sua magistral obra. Não foi sem razão que o eminente Professor Henrique José de Souza em seus estudos transcendentais sôbre a origem do Universo, cognominou a obra wagneriana de Antropogênica, e a de Beethoven de Cosmogênica.
Pertencem os Kumaras a uma hierarquia de seres cuja origem se perde na noite dos tempos. Desdobra-se o nome Kumara ou Cumara em Cume e Ara, ou a Arca do Cume, o altar dos sacrifícios em prol da humanidade retardada. São os Sete Filhos de Deus. Os assírios-babilônicos os chamavam de "Kabir", que significa "Espíritos Planetários". São deuses solares e também são conhecidos sob a designação de Pitris, os Filhos do Fogo, porque são os primeiros dotados de mente. Seu trabalho é sempre no mundo das realizações objetivas. São os Kumaras, em outras palavras, os sustentáculos físicos dos Sete Auto-Gerados. Possuem dois aspectos ou melhor duas faces, a positiva e a negativa, ou seja o que já foi realizado e o que ainda deverá ser desenvolvido. Nesse conceito fi losófico é que reside o velho problema do Bem e do Mal, bem diferente do pensamento teológico.
Simbólicamente, os Kumaras são representados por cabritos, porque tais animais andam nos cumes das montanhas. Dai a tradição de todo o movimento de real cunho espiritualista e, portanto, de origem solar, surgir em Montanhas ou estar vinculado a Montanhas.
Sob o aspecto subjetivo, chamemo-lo de Segundo Trono, a hierarquia dos Kumaras relacionada está a Vênus, porém no plano objetivo, isto é, na Terra, tal hierarquia ligada está a Marte. Não se trata dos planetas conhecidos por tais nomes, mas forças cósmicas com as características desses dois planetas, isto é, amor e justiça.
Eis por que a figura de Odin identifica-se com o ser que luta, o batalhador por excelencia, sempre, porém, com a finalidade de implantar o direito, a justiça, em defesa dos fracos, das crianças, dos velhos e dos inválidos, tal como os Cavaleiros do Graal. Quando Odin é considerado o deus das batalhas, o qual adota por filhos seus todos os guerreiros que morrem com armas na mão, outra coisa não está revelando senão que ele reconhece como de sua família todos quantos se sacrificam pelo ideal comum da fraternidade, da harmonia universal, enfim, do Bem, do Bom e do Belo, lutando até o último momento, sem se desviar do seu objetivo.
Odin foi também conhecido como "Deus dos Corvos", porque sobre seus ombros estavam sempre pousadas duas aves dessa espécie, que lhe segredavam tudo quanto averiguavam de novo. Uma delas se chamava Higin, o entendimento, e a outra Munnin, memória. Percorriam o mundo durante o dia e regressavam ao anoitecer.
Vê-se, nessa citação, a idéia do Senhor das Eternidades, do Pai, que de tudo toma conhecimento, servindo-se de um entendimento perfeito e de uma memória lúcida para agir com amor e justiça.
Outro nome, por que é conhecido Odin, é Fribul, cuja sonância, para quem se dedica ao estudo transcendental dos sons, revela um mundo de conhecimentos em relação aos planos da manifestação cósmica, numa escala sétupla, do mais sutil ao mais denso, como alfa e omega.
Ao tempo dos Druídas e Magos e do povo de Tuat de Dananda e, principalmente dos Celtas, povo da raça indo-germânica, ouvimos novamente falar em Odin, como seu manu ou chefe, povo este que se espalhou primeiramente por toda a Europa central; rechaçado, em seguida, para a Gália, a Espanha, as Ilhas Britânicas, foi, finalmente, absorvido pelos romanos. É, porém, na Bretanha, no Pais de Gales e na Irlanda, que o tipo e a língua célticos se têm conservado melhor.
Quanto aos Druídas, eram eles sacerdotes dos gauleses e dos celtas. Admitiam mulheres em sua Ordem e as iniciavam nos mistérios de sua religião. Não tinham templos e reuniam-se nos bosques. Veneravam certas plantas, tais como o visco, que era colhido todos os anos solenemente com uma foice de oiro. Cultuavam o fogo como Centelha Divina que arde em todas as coisas, o qual era zelado pelas sacerdotizas, que tinham a função de mentê-lo sempre aceso. Nunca transpuseram para a escrita seus versos e escrituras sagradas, os quais eram confiados à memória. Tambem não possuíam imagens ou estátuas de seus deuses. A religião celta considerava uma irreverência ímpia representar qualquer deus por uma figura humana. Os três principais mandamentos dessa religião eram:obediencia às leis divinas; interesse pelo bem da humanidade e aceitar com firmeza todos os revezes da vida.
Nos Eddas, cantos e poemas escandinavos, repositório da milenar Sabedoria das Idades, cujo nome muita analogia tem com a palavra sãnscrita Vedas, surge a figura feminina de Friga ou Frigga, como a principal deusa da mitologia escandinava. Era uma das três esposas de Odin e mãe de Baldur e outros deuses. Ocupava com Odin o trono Hlidskialf e conhecia o destino dos homens, porém não os revelava a ninguém. Desta deusa deriva o nome de Freitag, sexta-feira em alemão, e Friday, o mesmo em inglês, consagrado a Venus, o aspecto feminino de Mercúrio, com quem é também Odin identificado.
Friga é a mãe dos deuses,como Aditi o é, nos Vedas, do mesmo modo que Frea, entre os germanos. Em seu aspecto inferior, era adorada como a grande mãe que a Terra alimenta. Sentava-se em seu áureo trono Hlidskialf, formado de tecidos de luz doirada, em companhia de tres virgens divinas, como servas e mensageiras,e ocupava-se tecendo fios de oiro destinados a recompensar os homens virtuosos.
Uê-se, claramente, nessa personagem, Ceres Demeter, que protege á agricultura, a lua e a natureza, enfim a mantenedora da vida. E, como tal, é também a deusa do Amor e da Beleza, como a Venus greco-romana. Habitava um belo palácio, e seu carro era puxado por dois gatos. Ia a cavalo, onde havia combates e repartia com Odin os guerreiros que sucumbiam na peleja. Diz a lenda que, quando chorava, suas lágrimas eram de puro ouro.
Alto, com uma vasta cabeleira cor de fogo, olhos azuis, límpidos como cristal, Odin é, para os não iniciados, uma figura lendária, sendo desconhecida sua origem. Simboliza, sem dúvida, a era dos reis divinos e pelo mito da serpente a que está ligado, segundo várias tradições, Odin ou Votan expressa os demiurgos do mental.
Segundo o historiador Ordonez, que se dedicou ao estudo das tradições dos povos da América Central, Votan ou Odin é da raça das serpentes, que se origina de Chivin, e isto com vistas à sabedoria divina. Daí o nome Srinagar, na Tndia, lugar dos homens serpentes ou sábios. Diz Ordonez em seu livro "Probanza de Votan": "Votan conduziu sete famílias de Valum-Votan à América Central e resolveu viajar até chegar a raiz dos céus, a fim de encontrar seus pais, as serpentes, e se fazer reconhecer por eles; fez quatro viagens de Válum-Votan a Valum-Chivin, isto é, da "terra de Votan" à "terra dos antepassados". É êle senhor dos chans ou chanes, têrmo tzendal que significa serpente. Votan teria vindo do outro lado do Mar das Antilhas, acompanhado de grande número de imigrantes sob o comando de vários chefes. Em Valum-Votan, tinha um templo dirigido por uma sacerdotiza de nobre estirpe e assistida por índios plebeus, e parece ter sido o inventor da dança zavi (tapir)".
Outro historiador, Brasseur, afirma que vários templos foram dedicados a Votan, com o titulo de "coração do reino, coração do povo". A célebre Cruz de Palenque é uma apoteose a Votan, que estendeu o seu domínio a treze províncias feudatárias, cujos príncipes formavam o conselho do monarca de Palenque. É ainda Brasseur que identifica Votan com Odon ou In Don dos Tarascos do Mihoacan, considerado divindade protetora do primeiro dia.
As "quatro viagens" a que se refere Ordonez, encerram o mesmo simbolismo das Quatro Rodas da Visão de Ezequiel, uma vez que estando a evolução da Terra e do homem, que evoluem simultaneamente, no seu quarto estágio ou quarta ronda, tais viagens se enquadram perfeitamente no numero de vezes que o Supremo Arquiteto do Universo, o Criador, o Eterno, o Kumara, pouco importa o nome que se lhe de, faz a sua tentativa junto a humanidade para guiá-la e conduzi-la ao Caminho Perfeito, como foi confirmado pelo Professor Henrique José de Souza, ao citar o seguinte trecho de certo livro sagrado, de valiosa biblioteca de certa Confraria Jina: "O Supremo Arquiteto caminha de Globo em Globo, de Cadeia em Cadeia, de Sistema em Sistema,ate alcançar o fim de sua grande jornada". No caso apontado, esse caminhar refere-se ao quarto globo, isto é, à Terra, e daí as "quatro viagens" a que Ordonez faz menção. Outro também não é o sentido do símbolo do Tetragramaton Sagrado e de quantos quaternários ou cruzes existem em todas as tradições religiosas.
A "Raiz do Céu", a que Ordonez igualmente faz referência, é a Ilha Imperecível que nenhum cataclismo pode destruir e que os orientais chamam de Shamballah, palavra esta que por sua vez muito se assemelha a Valhala, onde moram as Valquírias que, segundo a lenda escandinava, dão de beber, aos hóspedes de Odin, hidromel ou a ambrósia dos deuses, o nectar ou licor da imortalidade. Por isso, contam que é Odin o deus da poesia, porque teve a felicidade de se apossar do "hidromel dos poetas", e quem o bebesse passava a ser ao mesmo tempo sábio e poeta. Tudo isso não passa de formas alegóricas para expressar a união do eu-inferior com o eu-superior, ou, em outras palavras, a verdadeira eucaristia, a comunhão perfeita do "homem com o seu deus interno".
Como Hércules, que mata a Hidra de Lerna ou Serpente do Mal, Odin ou Votan, mata a Serpente da Arvore do Gogar escandinavo, a mesma serpente da Noite Nahoa, morta pelas mãos de Quetzalcoatl, personagem das lendas guatemaltecas, da mesma estirpe de Odin.
Convém notar que essa polaridade Bem e Mal, sempre presente em todas as teogonias, encerra o sentido de Conhecimento e Ignorância, como Luz e Sombra, e não como é comumente interpretada pelas religiões correntes.
Odin, o enviado dos céus, como um Avatara, teve de enfrentar a ignorancia humana, simbolizada por quantas serpentes malignas, hidras ou leviatans existam nas antigas lendas,porque sendo Ele a expressão da Lei,forçosamente, para o seu equilíbrio, teria de transformar ignorancia em sabedoria, impulsionando a humana evolução.
Para provar a identidade dos vários mitos, encontramos, na tradição dos povos pré-colombianos da América Central, a lenda de que Votan vira o grande edifício que os homens, por conselho dos antepassados comuns, construíram da terra ao céu (Torre de Babel ?); e que lã, onde chegara por ordem de Deus para dividir e partilhar a terra dos índios, dera Deus a cada povo o seu idioma particular. Acrescenta a lenda que regressou Votan a Huehuetan (Cidade dos Anciãos, em mexicano), que é uma localidade de Soconusco, e que levou para ali tapirés, isto é, grandes tesouros, colocando-os numa casa triste e obscura (este vale de lágrimas ?), que ele construiu, soprando várias vezes e entregando-os a uma sacerdotiza de nome Tapianes, para guardar. Tal nome, Tapianes, deve ser Tlapianes que, em mexicano, significa "guardas", do verbo tlapia, guardar.
De posse de todos esses dados, melhor se poderá compreender a missão desse misterioso personagem que passou pela Europa, quando esta ensaiava seus primeiros passos, e que esteve presente também na América Central, deixando o sinal de sua passagem quer nos monumentos megalíticos do Sul da Inglaterra, quer nos dolmens e menhires de Stonehenge e da Bretanha, e nas inscrições das ruínas de Palenque, como marco das "mais puras e espirituais doutrinas cientifico-religiosas primitivas que foram conservadas durante séculos em suas ruínas" no dizer do insigne polígrafo espanhol Mario Roso de Luna, que profetizou a redenção da humanidade no dia em que se fizesse luz nas recompilações poéticas dos cantos dos bardos.
Sim, quando o homem moderno,reintegrado na sua condição divina, conseguir, através da Transformação, da Superação e da Metástase, identificar-se com a Verdade Una, será o Dia do Sede Conosco ou da última batalha entre o Bem e o Mal, a que se refere de modo simbólico a tradição dos povos escandinavos.
Obrigado,
por nos permitir Divulgar parte desta existencia tão maravilhosa.
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